Salmo 127 imagem da bíblia com o número do salmo e endereço do comoviver.net

Salmo 127: Significado, Explicação e Lições

O assim chamado “Livro de Salmos” é uma coletânea de escritos proféticos presente na Bíblia Sagrada, possuindo no total 150 salmos distintos (incluindo o Salmo 127), que versam sobre os mais variados temas, englobando: profecias, orações, louvores, cânticos e súplicas direcionadas ao Altíssimo.

Datados desde antes da vinda de Jesus Cristo, os Salmos não possuem um autor específico, embora atribua-se a autoria da maioria deles ao Rei Davi e ao Rei Salomão, dentre inúmeros outros autores desconhecidos.

Independente das incógnitas que rodeiam a origem e autoria dos Salmos, o que não se questiona é a sua importância para os Cristãos, porquanto se trata de escritos lapidares, frutos da Inspiração Divina e que a muito nos servem para reflexão e auxílio nos Caminhos da Fé, sobretudo nos momentos de angústia.

Por isso, no artigo de hoje, examinares em profundidade, com objetivo de extrair o significado, explicações e as lições do Salmo 127, que contém alguns dos versos mais poderosos dentre todos os Salmos, a partir da análise da estrutura de seu texto, de suas origens e de sua melhor interpretação.

Estrutura e Autoria

O Salmo 127 está divido em 05 (cinco) versículos que se relacionam e comunicam conjuntamente um significado específico, embora eles também possam ser analisados de maneira isolada com objetivo de extrair seus significados singulares, desde que não haja deturpação de seu significado.

De modo geral, o Salmo 127 nos introduz a pelo menos três importantes proposições, são elas: 1) sem Deus, todo o trabalho realizado pelo homem é inútil; 2) a obstinação e trabalho humano não podem substituir a Graça de Deus; 3) os filhos são um presente do Senhor e engrandecem a vida seus pais.

Essas proposições nos são apresentadas de maneira direta, em versos curtos, porém poderosos, com o objetivo de que essas ideias sejam compreendidas da maneira mais simples e direta possível, sem margem para abstrações e reflexões prolixas que possam desvirtuá-las de alguma forma.

No que concerne à sua origem, comumente é atribuída ao Rei Salomão a autoria do Salmo, embora existam estudiosos que apontem o Rei Davi como o verdadeiro autor dos versos, dedicando-os ao seu filho, Salomão.

Passemos agora à análise explicação dos cinco versos do Salmo 127.

Salmo 127:1 – Nisi Dominus Frustra

“¹A não ser que o Eterno edifique a Casa, trabalham em vão os que desejam construí-la. Se o SENHOR não proteger a cidade, inútil será a sentinela montar guarda.”

O versículo primeiro do Salmo 127 nos fala de um tema específico e de entendimento claro e simples: sem Deus, todo o trabalho humano é inútil.

E essa proposição nos é passada através de duas analogias, como era costume, e são elas: a construção de uma casa e a vigilância de uma cidade.

Inicialmente, é dito que “A não ser que o Eterno edifique a Casa, trabalham em vão os que desejam construí-la”. E logo em seguida, a segunda analogia diz que: “Se o Senhor não proteger a cidade, inútil será a sentinela montar guarda”.

Como se vê, ambas as analogias têm o mesmo propósito: deixar absolutamente claro o fato de que TODO o trabalho humano, ainda que feito com zelo, cuidado e prudência, não é suficiente trazer segurança e paz ao coração de nenhum homem, pois essa segurança só pode ser encontrada em Deus.

O objetivo aqui é demonstrar que o trabalho humano nunca será suficiente ou substituinte da intervenção divina. A força de proteção de Deus é imensamente superior a qualquer construção, abrigo ou vigilância humana. Na verdade, nossa vivência sem a proteção de Deus é tão frágil, que argumenta o autor que todos os esforços do homem serão inúteis sem a tutela divina.

Ao longo da narrativa bíblica, existiram alguns episódios em que os seres humanos acreditaram, de maneira tola e pueril, que poderiam viver por si sós, isto é, ignorando por completo a poder e ação de Deus em suas vidas e destinos.

Obviamente, nenhuma dessas tentativas deu certo, pois o Senhor fez questão de colocá-los em seu devido lugar, como nos é narrado na famosa história da Construção e Queda da Torre de Babel (Gênesis 11:1-9).

Aliás, é a partir da abreviação da primeira parte desse versículo (que se refere à edificação da casa), que se surge o famoso lema “NISI DOMINUS FRUSTRA”, que basicamente significa “SEM DEUS, TUDO É EM VÃO”.

Esse lema popular foi usado ao longo da história em muitos monumentos, edifícios e construções como uma forma de reforçar a ideia de que o Poder de Deus é maior e mais imponente do que qualquer empreendimento humano.

Portanto, o significado e lição presentes no versículo primeiro do Salmo 127 é muito claro e deve ser por nós compreendido e internalizado o mais rápido possível: todos os nossos empreendimentos devem consagrados a Deus, pois só eles existem e se mantêm firmes se for da vontade dEle.

Trata-se de uma quase admoestação, um aviso a nós de que, sem a proteção e o amor Deus, uma casa é só amontoado de materiais organizados, porém, um lar seguro só pode existir quando o Senhor vigia do alto por aqueles que nela habitam, intervindo em prol deles a todo momento.

A nós, então, cabe o papel de compreender nosso lugar de fraqueza, com humildade e sabedoria, rogando a Deus que não nos deixe nunca fora de seu amparo e proteção, fazendo-nos entender, de uma vez por todas, que nenhuma guarida humana pode ser igualada a estar sob o acolhimento do Senhor.

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Salmo 127:2 – Vanum est Vobis ante Lucem Surgere

“²Os obstinados que retardam seu sono até alta noite, acordam antes do amanhecer e idolatram o trabalho, não alcançarão os bens que o Eterno concede aos que o amam, mesmo quando estes estão repousando.”

O versículo 2 do Salmo 127 prossegue com o tema do versículo anterior – a inutilidade do trabalho do homem sem Deus – mas com um adendo: ainda que seja possível alcançar muitos bens materiais e prosperidade através de nossos esforços pessoais, a glória maior é aquela concedida pelo Senhor.

Essa proposição nos é apresentada desde o primeiro verso, quando se fala sobre os homens obstinados: “Os obstinados que retardam seu sono até alta noite, acordam antes do amanhecer e idolatram o trabalham […]”.

Perceba que, nos versos acima, é-nos passada a descrição de alguém que coloca toda sua confiança nos seus próprios esforços, no seu trabalho, ou seja, em suas obras para alcançar bens materiais e tudo mais que possa ser entendido como prosperidade do ponto de vista humano.

E, na parte final dessa pequena proposição, há, inclusive, uma amostra específica do perigo que é seguir a filosofia da obstinação humana e ausência do temor a Deus: a idolatria – um dos pecados mais graves contra o Senhor.

A idolatria, da maneira mais simples possível, pode ser encarada como a prestação de culto a algo, alguma coisa ou alguém que não seja Deus, ou seja, trata-se do ato de colocar alguém na posição que deveria pertencer ao Senhor, com o agravante de prestar-lhe culto e adoração de maneira indiferente.

Perceba que, na narrativa constante no verso, a pessoa se tornou tão obstinada com seu trabalho, com seus esforços pessoais, que substituiu Deus pelo trabalho em sua vida, chegando, inclusive, a alterar aspectos importantes de rotina para atender a esse propósito, tais como, acordar cedo e retardar o próprio sono para satisfazer seu novo senhor em detrimento de Deus.

Todavia, na continuação do versículo, existe uma “resposta”, uma amostra real de como esse posicionamento diante da vida é ignorante e totalmente antivida, contrário aos ensinamentos de Deus e leva qualquer que se permita a segui-lo à ruína sob todos os pontos de vista: “[…] não alcançarão os bens que o Eterno concede aos que o amam, mesmo quando estes estão repousando”.

A descrição é clara e nos diz abertamente o que acontece com aqueles que seguem pelo caminho dúbio, substituindo Deus pelo trabalho e pelos esforços pessoais como forma primado maior de suas vidas: essas pessoas NÃO alcançarão os bens que o Eterno concede aos que o amam.

No verso, não existe uma descrição expressa sobre a qualidade desses bens, porém, a partir da interpretação simples à luz das palavras de Jesus e da Boa Nova, é evidente que não se trata apenas dos bens materiais e necessários para nossa subsistência, mas, principalmente, dos bens espirituais.

Estamos falando aqui de algo que Deus já nos garantiu muitas e muitas vezes: que Ele jamais nos deixaria material ou espiritualmente desamparados, que ele cuidaria de nossos caminhos, provendo tudo que fosse necessário para nossa subsistência, sejam alimentos, vestes e qualquer outra necessidade material, mas também nos enchendo espiritualmente (Mateus 6:25-34).

Além disso, o verso nos faz compreender outro ensinamento professado inúmeras outras vezes ao longo do Evangelho: o fardo de Jesus é leve, pois é justo e misericordioso, e nele podemos descansar (Mateus 11:30)

Ressalta-se na passagem que todas os bens materiais e espirituais adquiridos por aquele que amam a Deus vêm até eles mesmo quando eles estão dormindo, descansando, não se esforçando. Em resumo, eles vêm por intermédio da Graça, que nos é outorgada pelo simples fato de amar a Deus.

Já o “fardo do mundo”, esse é pesado, cansativo, fatiga e, para carregá-lo, você tem de se sacrificar, tornar-se obstinado, fatigar-se no trabalho para ver algum fruto. Porém, apesar de todos os esforços, essas conquistas serão efêmeras, pois vieram através da idolatria e não do temor a Deus.

Portanto, a lição presente neste versículo é simples: o amor a Deus é a única medida, o único pedágio a ser pago para participar de sua Glória, prazeres e gozos, inspirando-nos a sempre seguir do caminho do Temor ao Senhor.

Salmo 127:3-5 – Ecce Hæreditas Domini, Filii; Merces, Fructus Ventris

“³Quanto a seus filhos, eles são herança do SENHOR: o fruto do ventre é um presente de Deus.”

“⁴Como flechas na mão do guerreiro são os filhos nascidos na sua juventude.”

“⁵Bem-aventurado o homem cuja aljava deles está repleta! Será respeitado até mesmo por seus inimigos quando pleitear com eles junto às portas da cidade.”

Os três últimos versículos do Salmo 127 tratam de um dos temas mais importantes da vida de todo cristão: os filhos, e a benção que é ser pai e mãe.

No verso terceiro, há uma espécie de esclarecimento sobre origem dos filhos, não no sentido natural e biológico do termo, obviamente, mas sobre sua origem divina, ou seja, de que modo os filhos estão relacionados com nossa vida espiritual e com Deus, sendo declarado expressamente que “Quanto aos filhos, eles são herança do SENHOR: o fruto do ventre é um presente de Deus”.

Percebam que os filhos não são vistos como uma mera continuidade de nossa existência, como meros animais, mas ocupam um lugar de relevância tão grande que são chamados de “herança do SENHOR”, o que significa que eles não são apenas descendência nossa, mas também do próprio Senhor.

Em outras palavras, pode-se dizer que compartilhamos a guarda e proteção de nossa prole com Deus, sendo nosso papel aqui encaminhá-los no melhor caminho, tanto materialmente quanto espiritualmente, sempre apoiados e auxiliados pelo Senhor para guiá-los nas melhores veredas.

Então, o primeiro esclarecimento trazido a nós a partir da leitura do versículo terceiro do Salmo 127 é claro: os filhos são presentes de Deus e, portanto, devem ser protegidos como herdeiros do Senhor sob nossa responsabilidade enquanto estivermos neste mundo.

No versículo seguinte, o quarto, o autor faz uso de uma linguagem analógico-comparativa, com objetivo de cristalizar em nossas mentes e corações a imagem gloriosa que os filhos representam, declarando que: “Como flechas na mão do guerreiro são os filhos nascidos na juventude”.

Como humanos, suscetíveis aos efeitos do tempo, tanto na mente quanto no corpo, pode ser natural que, com o passar do tempo, nos esqueçamos do privilégio que é ser pais, sobretudo quando os filhos já são adultos. Por isso, o propósito primeiro é não nos deixar esquecer desse fato tão importante.

A comparação feita pelo autor relaciona a figura do guerreiro e as flechas que ele usa em combate com os filhos. A ideia aqui é salientar que os filhos, além de presentes de Deus, também são aqueles que nos auxiliam na nossa vida presente, na velhice e nos momentos difíceis pelos quais passamos.

Quando temos filhos, estamos criando uma rede de apoio à nossa volta, baseada no amor e na fraternidade. Em outras palavras, trata-se de uma exaltação à figura da família e de sua importância. Tal como as flechas de um guerreiro, os filhos são nosso apoio e nós somos os apoios dele, e juntos, em comunhão e amor, atravessam o passar do tempo e vida.

Por fim, há, ainda, uma pequena alusão à nascimento dos filhos “na juventude”, que, a princípio, pode confundir alguns, porém, não há complicações.

Biologicamente falando, o melhor momento pra se ter filhos é no auge do nosso vigor físico e mental, ou seja, enquanto jovens e sadios. Obviamente, isso não excluiu filhos nascidos em qualquer outro momento da vida, há apenas uma exaltação da juventude, como é de praxe nos livros de sabedoria da bíblia, sempre muitos alinhados com os ciclos naturais da vida e da morte.

O versículo quinto, o último do Salmo 127, continua a exaltar a importância dos filhos, agora de maneira bem mais assertiva, embora também faça uso da linguagem comparativa do verso anterior, complementando-o: “Bem-aventurado o homem cuja aljava dele está repleta! Será respeitado até mesmo por seus inimigos quando pleitear com eles junto às portas da cidade”.

Fica claro que há uma exaltação quantificativa, ou seja, da quantidade de filhos, e, por isso, há uma comparação entre o homem com muitos filhos e o guerreiro com a aljava cheia: ambos são chamados de “Bem-aventurados”.

A título de curiosidade, aljava é uma espécie de coldre no qual os guerreiros armazenavam suas flechas, carregando-a normalmente nas costas.

Vale destacar que a linguagem utilizada nesse versículo é claramente histórica, remontando ao ambiente social da época. Naquele tempo, não existiam instituições sociais para proteção das pessoas e da comunidade (polícia, etc), e cada família era responsável pelo segurança de seus membros e, por isso, quanto mais filhos uma família gerava, mais segurança ela possuía.

Obviamente, estamos falando de outros tempos, de modo que não devemos simplesmente transportar esse significado para os dias atuais.

Filhos são presentes de Deus e, independentemente do número, devemos agradecer por eles todos os dias, cumprindo nosso dever como pais: se você for agraciado com uma família grande e numerosos filhos, fique feliz e dê graças aos céus. E se você for agraciado com poucos filhos, faça o mesmo também.

A parte final do versículo fala exatamente da segurança de uma família numerosa naquela época, bem como da respeitabilidade de se ter muitos filhos. Ser pai ou pai traz muitas responsabilidades, somos catapultados a um grau de consciência, cuidado e coragem que sequer poderíamos imaginar uma dia.

Trata-se de uma verdade social e biológica, e o autor faz questão de exaltar que essa força que vem com a chegada dos filhos e da família, aludindo ao fato de que até mesmo os inimigos apresentarão respeito por aqueles que valorizam e cultivam sua prole como um presente dado pelo Senhor.

LEIA A SEGUIR: 10 poderosos Versículos da Bíblia para refletir e suas lições

Pensamentos finais

O Salmo 127 é poderoso e nos traz, em poucas palavras, lições profundas e verdades universais que podem e devem ser praticadas em nossas vidas, sobretudo nos momentos de tomar decisões que dizem respeito a nós, à nossa vida espiritual, a nossos filhos e à comunidade a que pertencemos.

Precisamos compreender e exercitar diariamente nosso temor ao Altíssimo, sabendo reconhecer nossa insignificância diante do mundo e suplicar, em amor e verdade, a proteção do Senhor em tudo que fazemos, não permitindo que sejamos cegados pela ideia de que podemos salvar a nós mesmos pelos nossos esforços, esquecendo da Graça a nós concedida.

Além disso, o Salmo 127 nós dá uma lição valiosa sobre a bênção que são os filhos na vida de todos os cristão, fazendo-nos lembrar que eles são verdadeiros presentes do Senhor e, por isso, devemos tê-los como nossos tesouros mais precisos na terra, protegendo-os de todo mal.

Apresentamos, da maneira mais sintética, sincera e aprofundada possível as proposições, significados e lições extraídas do Salmo 127, fazendo votos de que você, leitor, faça sua própria leitura desse texto poderoso, de coração aberto para as revelações únicas e pessoais que Deus reserva a você.

E, por fim, não deixe que os ensinamentos do Salmo 127 sejam só mais algumas palavras bonitas que são lidas e esquecidas logo em seguida, mas coloque em prática toda a sabedoria adquirida, transforme esse saber em ações reais, prática e que podem tornar sua vida e o mundo melhores!

OBRIGADO(A) por ler até aqui!

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Escrito por J.R.

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